“Eles não nasceram para ser nossos modelos. Eles nasceram
para ser quem são. Nosso papel é compreendê-los e ajuda-los a ser quem são, a
ser felizes”, afirmou o médico hebiatra Dr. Alberto Mainieri na noite de quarta-feira,
14 de junho, durante encontro do programa Cuidar é Básico. Com o tema “Novos
desafios: Descobertas, experiências, festas e namoro na adolescência”, a
palestra foi direcionada às famílias de estudantes do 6º e do 7º ano do Ensino
Fundamental – Anos Finais.
O médico dividiu sua fala em seis pontos:
neurodesenvolvimento; fatores envolvidos na formação do indivíduo; necessidades
das crianças e dos adolescentes; características da geração atual; riscos aos
quais os adolescentes estão expostos; e o papel dos pais.
Sobre o desenvolvimento cerebral, o especialista explicou
que a criança evolui conforme as regiões neuronais vão se estabelecendo. Mainieri
alertou sobre a importância do afeto, para que a criança internalize que é
merecedora de amor, e de não a deixar fazer tudo o que quer, pois o cérebro
dela ainda não é capaz de entender todas as variantes de uma ação para tomar
determinadas decisões.
Ao abordar o período da adolescência, o especialista o descreveu
como a grande busca do jovem para saber quem ele é, de construção de si. De
acordo com Mainieri, nessa fase da vida os adolescentes buscam identidade,
independência, aceitação da imagem e percepção da identidade sexual. “Nessa
construção, nós temos o papel de ensiná-los a bater asas e voar, assim como os ensinamos
a caminhar e a falar”, afirmou o médico sobre o papel dos pais.
Nesse processo de construção individual, o médico afirmou
que, apesar de sermos indivíduos únicos, com características predefinidas, o
meio em que crescemos interfere. O primeiro dos fatores envolvidos nessa construção
é a família, mas também se destacam as características pessoais, os amigos, a sociedade,
a mídia e as vivências. Entre as
necessidades dos adolescentes, o médico destacou a segurança e a estabilidade;
a solidez de princípios; a orientação e a educação; a compreensão e a
valorização do seu eu; o acesso à cultura; e o afeto, carinho e a atenção.
Relações interpessoais e familiares pobres, precocidade sem
maturidade, imediatismo, o fato de tudo ser descartável, o aumento do
envolvimento com drogas, a descrença na educação e a sexualidade de risco são
algumas das características dos jovens das gerações atuais as quais os pais
precisam estar atentos.
Saber onde está, com quem e o que o filho está fazendo, é
uma boa estratégia para apoiá-lo nesse momento de crescimento e de descobertas,
relatou o médico. De acordo com ele, as ferramentas que os pais podem usar para
apoiar seus filhos são: manutenção de uma hierarquia; monitoramento constante;
regras democráticas, mas claras; limites; e respeito às características dos
filhos. “Nossos papeis como pais é o de sermos tutores dos nossos filhos,
buscando garantir que eles tenham uma vida adulta saudável”, afirmou. Esse
papel, de acordo com Mainieri, é dividido ainda com os familiares próximos, a
sociedade e a escola.