Para conhecer práticas inovadoras e trazer essa
bagagem para o Colégio Farroupilha, a diretora pedagógica, Marícia Ferri, e a
supervisora de tecnologia Educacional, Débora Valletta, embarcaram em abril,
para o Vale do Silício, na Califórnia para participar da 1ª Missão Educacional
Google for Education. Lá, elas visitaram a Universidade de Stanford, empresas
de tecnologia, startups e escolas de educação básica, que assim como o
Farroupilha, são parceiras do Google for Education. Confira como foi essa
experiência na entrevista abaixo.
1. Que
locais vocês visitaram durante a 1ª Missão Educacional Google for Education?Conhecemos a maior empresa de tecnologia do mundo, a Google. Visitamos as
instalações da sede, Google Building, e o Googleplex - um conjunto de edifícios
onde trabalham as startups em diferentes segmentos de tecnologia, localizado no
Vale do Silício, na cidade de Mountain View. Também reunimo-nos com o time
da Turnitin, que é uma empresa que desenvolveu uma plataforma utilizada em
universidades brasileiras, como a USP, a UNESP, a PUCRS e a FGV, para auxiliar
o professor a engajar os estudantes no processo da escrita e avaliar os projetos
com padrão e eficiência, além de detectar possíveis plágios nos textos produzidos. Já
na Universidade de Stanford, visitamos Faculdade de Educação, a Faculdade de
Design e a Lemann Center. Na Faculdade de Educação, foi possível compreender
como funciona o projeto FabLearn (voltado ao movimento Maker), em parceria com
a Fundação Lemann. Conhecemos, também, as pesquisas realizadas por doutorandos
brasileiros na área de políticas educacionais, habilidades socioemocionais,
currículo e formação de professores de Matemática. Já, na Faculdade de Design,
conhecemos as instalações e a forma como professores e estudantes utilizam, na
prática, a técnica de Design Thinking. Por fim, visitamos duas escolas de
educação básica que utilizam tecnologias educacionais para apoio em sala de
aula, em especial, os Chromebooks e os projetos de Educomunicação. Além disso,
estivemos no Itilong Vera Cruz Middle School e no Centro de Mídias Digitais da
High School Alt Palo Alto.
2. Que
tipos de tecnologias vocês viram lá e acreditam que podem ser aplicados em
salas de aula aqui no Brasil nos próximos anos?
Acreditamos que o uso de softwares que permitam
ajudar o professor e o estudante na construção de textos de forma criativa,
desenvolvendo o pensamento crítico, tanto dos educadores quanto dos estudantes,
devido ao feedback imediato durante o processo de construção textual. Também
chamou a atenção o ensino híbrido na sala de aula, apoiado com diferentes
tecnologias educacionais, para ajudar os estudantes durante as trajetórias de
aprendizagem de acordo com o seu ritmo. Os Chromebooks têm sido, também, uma
alternativa didática durante as aulas que trabalham com a metodologia de
rotação. O movimento maker, ou seja, mão na massa, também visto lá, já é uma
forte tendência no Brasil. Com ele, a partir de materiais de baixo custo e de
algumas tecnologias, como a impressora 3D, os professores poderão engajar os
estudantes em ações de criatividade e inovação para estabelecer conexões entre
as diferentes áreas do conhecimento. Lá as escolas utilizam a metodologia STEM
(Science, Technology, Engineering and Math) e provocam os estudantes à
resolução de problemas, aliando conhecimentos teóricos e práticos, e isso
também é possível de fazer aqui. Por outro lado, a realidade virtual e aumentada
surge de forma sutil, mas acreditamos que será uma tendência para explorar
conceitos complexos e compreendê-los de forma mais dinâmica e divertida durante
as aulas.
3. O que
vocês viram lá e que o Colégio Farroupilha já utiliza ou está próximo a
utilizar?
Utilizamos, cada uma dessas inovações comentadas na
resposta anterior, num certo grau de amadurecimento. Este ano implementamos, de
forma gradativa, o ensino híbrido com algumas turmas juntamente com o projeto
Google for Education. Já o movimento maker foi trabalhado com a Educação
Infantil e com os Anos Iniciais no formato de projetos, com o apoio dos
laboratórios de aprendizagem. A ideia é termos um laboratório de tecnologia que
possa fazer essas conexões interdisciplinares, ou seja, um espaço com o qual
todas as áreas do conhecimento possam se envolver e engajar os estudantes no
contexto da cibercultura.
4. Qual a
principal contribuição do que é desenvolvido no Vale do Silício para a educação
contemporânea?
O Vale do Silício concentra as maiores empresas de
tecnologia do mundo. Lá surgiram empresas, como Apple, Microsoft, Google,
Facebook, Intel, HP, entre outras. Percebemos que essas empresas possuem, no
seu DNA, o desejo de impactar milhões de pessoas, a partir dos recursos
tecnológicos por elas disponibilizados. Quando se pensa em educação, pensamos
na formação integral do sujeito e nas habilidades que deverão ser desenvolvidas
para que esse sujeito seja global e possa atuar em qualquer
ambiente. No momento em que nos deparamos com o nível de pesquisa e
os produtos que estão sendo projetados por essas empresas de tecnologia, logo
surge a pergunta: que perfil de estudante a escola de educação básica deverá
formar de modo que ele consiga se posicionar e evoluir no atual contexto em que
vivemos? Hoje, já presenciamos uma revolução tecnológica e as novidades que
virão, certamente, impactarão não só as nossas vidas, mas também as das futuras
gerações. Dessa forma, algumas habilidades são fundamentais na formação do estudante
deste século. Cabe aqui lembrar a pesquisa realizada pelo The Economist, que
lista as principais habilidades do cidadão do Século XXI: resolução de
problemas; trabalho em equipe; comunicação fluente; pensamento crítico;
criatividade, alfabetização digital; liderança e inteligência emocional. A formação
dos estudantes deverá contemplar o desenvolvimento dessas habilidades.
O Vale do Silício nos ensina a pensar globalmente e
a projetar a solução de problemas que impactem a vida de muitas pessoas. A criatividade
é premissa para a inovação e acreditamos que, em todo o currículo escolar,
precisamos fomentá-la, pensando na formação integral desse sujeito.
5. Como
foi participar dessa experiência?
O Vale do Silício possui uma atmosfera diferente. É
uma cultura que fomenta a criatividade e a inovação. Por isso, é uma
experiência ímpar. Temos a percepção de que estudar e trabalhar nas empresas
visitadas, no Vale do Silício, converge para a liberdade de criar, inovar e
solucionar problemas em larga escala. É o que faz o Vale crescer.
6. A
partir do que vocês viram, como avaliam o uso das tecnologias aqui no Colégio
Farroupilha?
Este ano o Colégio Farroupilha completou 131 anos
de história. É uma instituição tradicional e inovadora. Pelos trabalhos acadêmicos
e a cultura escolar que temos publicado ao longo das décadas, percebemos o
quanto inovamos nesses 131 anos. O formato dos laboratórios de informática, por
outro lado, permaneceu o mesmo por 30 anos. Isso significa que a educação, em
geral, demora um tempo para internalizar as mudanças da sociedade
contemporânea. A revolução tecnológica, no mundo, foi percebida após o advento
da internet e dos smartphones, e isso não faz muito tempo. Desde 2013, o
Colégio investe em um novo modelo para o uso das tecnologias. No quadro de
profissionais, temos especialistas em tecnologias educacionais e investimos,
principalmente, na formação continuada dos educadores. Logo, o uso de
tecnologias educacionais na escola vem crescendo de forma gradativa,
demonstrando significado interdisciplinar para os níveis de ensino;
potencializando, assim, o processo de aprendizagem na sala de aula. Além disso,
o uso da tecnologia na educação contemporânea tem um impacto significativo
devido ao caráter interdisciplinar da informática na educação. Nestes últimos
quatro anos, podemos dizer que ultrapassamos os muros da escola, tendo como
perspectiva o desejo de, também, ser referência no uso de recursos tecnológicos
para o processo de aprendizagem.
Participação e reconhecimento internacional
Os
educadores do Colégio Farroupilha estão sempre atentos ao que acontece no
segmento da educação em nível mundial. Eles também representam o Colégio e
disseminam as atividades desenvolvidas no Farroupilha em vários eventos
internacionais.
Recentemente, a coordenadora do Centro Aberto de Cambridge, Luciane
Calcara, esteve no 51ª Internacional
Annual Conference & Exhibition (IATEFL), em Glasgow, na Escócia. Ao
todo mais de 2500 profissionais, de cem países, participam do evento,
considerado um dos principais sobre o ensino da Língua Inglesa.
No início deste ano a professora de Língua Alemã,
Valesca Altenhofen, realizou um intercâmbio para
aprimorar os seus conhecimentos no idioma e melhorar a preparação dos estudantes
para a prova DSD I – B1.
Já no próximo mês de julho, a equipe do Serviço de Orientação
Educacional (SOE) representará o Farroupilha no 6th International Congresso on Emotional Intelligence (ICEI 2017),
que ocorrerá na Universidade de Porto, em Portugal. O colégio teve dois trabalhos
aprovados: “Desenvolvendo a inteligência emocional na escola: ferramentas de
liderança como uma das estratégias de ensino” e “Construção da matriz
socioemocional do Colégio Farroupilha: um estudo de caso de uma escola
brasileira”.