No sábado, 06 de maio, os neurocientistas Dr. André Palmini
e Dr. Jaderson Costa da Costa estiveram no Colégio Farroupilha para palestrar
na 6ª edição do Inteligência Coletiva.(Relembre como foi o evento). Aproveitando
essa visita, conversamos com eles sobre neurociência, desenvolvimento socioemocional, educação e
tecnologias. Abaixo, você confere um resumo do currículo do Dr. André Palmini e a
entrevista realizada.
Leia a entrevista com o Dr. Jaderson Costa da Costa.
André Palmini possui graduação em
Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Clinical and Research
Fellowship em Epileptologia e Neurofisilogia Clínica pelo Montreal Neurological
Institute e doutorado em Neurologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é Chefe do Serviço de
Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS e Professor Adjunto de Medicina
Interna da mesma univerdidade. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase
em Neurologia.
- Muito se discute
sobre alterações cerebrais possibilitadas pela tecnologia. O senhor poderia
citar novas conexões estabelecidas e algumas funções de nosso cérebro que estão
sendo “aposentadas” com o uso dessas tecnologias?
É importante entender que todas as mudanças que
eventualmente acontecem no cérebro, em termos de evolução, demoram muito tempo.
Mas, um exemplo [de alteração em funções cerebrais] é a questão da memória. Antigamente,
nós tínhamos que lembrar de tudo e tínhamos uma agendinha para anotar tudo isso,
mas agora podemos ter vários alarmes, vários aplicativos no celular que nos
ajudam a lembrar. Assim, as funções de algumas áreas [cerebrais] ficam menos
necessárias, mas é importante entender que o que isso talvez vá fazer é
permitir que essas regiões, esses circuitos que envolvem memória, linguagem,
antecipação de consequências, possam ficar um pouco mais liberadas para se
envolver com outras coisas. Eu não acho que vão ser aposentadas, o que se diz
hoje é que elas vão poder ser direcionadas para coisas que são mais intrínsecas
ao indivíduo e que a tecnologia não entra, ou entra menos, são coisas que tem a
ver com a pessoa e a relação dela consigo própria. Então, na minha opinião, é
preciso ter um pouco de cuidado com essa questão de tecnologia, porque parece
que ela vai ser cada vez mais um substituto para as coisas humanas e na verdade
o que ela vai ser é um grande auxiliar para coisas humanas. O fator humano vai
continuar sendo fundamental e é por isso que essas áreas [cerebrais] vão
continuar sendo fundamentais.
- Como o senhor acha
que a escola pode trabalhar para tirar um maior proveito das tecnologias, tendo
em vista o perfil dos estudantes contemporâneos?
Eu acho que a escola não precisa de tecnologia para
estimular o cérebro da criança. São pequenas atitudes do dia a dia entre o
professor e os alunos que vão ser grandes estimuladores do cérebro. Nós não
precisamos de muita coisa para estimular muito o cérebro, às vezes um elogio,
uma crítica, um limite, um exemplo, coisas bem pequenas tem o mesmo impacto no
cérebro do que coisas muito grandes. Então, é se preocupar com o fator humano,
mais do que com qualquer tecnologia.