O segundo dia da Semana de Formação Docente iniciou com as palestras “Desenvolvendo a consciência fonológica através de práticas de sala de aula”, da fonoaudióloga e mestre em linguística Rosangela Marostega, direcionada aos docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais, e “Estilos de Aprendizagem - Como se ensina x como se aprende”, com a especialista em psicopedagogia Andréia Gonçalves, para os docentes dos Anos Finais e Ensino Médio. Após um breve intervalo, os dois grupos se reuniram para a palestra “Desenvolvimento moral na infância e adolescência”, das psicólogas Dra. Lia Freitas e Ms. Fernanda Palhares.
Veja aqui as fotos da Semana de Formação Docente.
Leia aqui como foi o primeiro dia do evento.
Consciência
fonológica, com a fonoaudióloga Rosangela Marostega
No Auditório, a fonoaudióloga Rosangela Marostega
falou com os professores da Educação Infantil e dos Anos Iniciais sobre a
importância do desenvolvimento da consciência fonoaudióloga para o posterior
desenvolvimento da leitura e escrita. “O desenvolvimento da linguagem oral é
natural, já o da leitura e da escrita é aprendizagem”, destacou a especialista.
Em sua palestra, Rosangela trouxe a conceituação de consciência fonológica
(CF), metalinguagem, metacognição e do princípio alfabético, abordando ainda os
diferentes níveis de e as tarefas para desenvolvimento da CF, a possibilidade
de estimulação preventiva na escola e o uso de recursos tecnológicos para o
desenvolvimento dessa consciência.
“Para poder aprender a ler e a escrever, a criança
tem que ser estimulada a ter consciência dos sons da língua, que é a
consciência fonológica, e, posteriormente, acender ao princípio alfabético”,
explicou a fonoaudióloga, que abordou com os presentes as características desse
princípio, tais como: a escrita tem relação com a fala; cada letra tem nome e
som, as letras tem valores sonoros fixos, a existência de um número finito de
letras, o fato de o código oral ser diferente do código escrito, entre outros.
Rosângela mostrou aos professores ainda alguns
exemplos de tarefas a serem feitas em sala de aula para estimular o
desenvolvimento da consciência fonológica, bem como o software Pedro em uma
Noite Assustadora, que, desenvolvido sob a coordenação dela, consiste em um
jogo que tem como objetivo desenvolver a consciência fonológica. “Brincar com o
som das palavras é importante porque quando a criança for aprender a ler e a
escrever, ela já está familiarizada com a palavra, tornando essa aprendizagem
mais fácil”, afirmou.
Estilos de
aprendizagem, com a psicopedagoga Andreia Gonçalves
Os professores dos Anos Finais e do Ensino Médio
reuniram-se no Auditório da Educação Infantil para uma palestra com a
psicopedagoga e educadora especial Andreia Gonçalves. Para compreender os
diferentes estilos de aprendizagem – auditivo, visual e cenestésico – a especialista
lembrou que, com a chegada da conectividade no século 20, o processo de ensino
e aprendizagem se modificou. Na década de 90, a neurociência conseguiu
descobrir como o cérebro processava a aprendizagem. “É neste momento que começa a se falar no ato
de aprender e no ato de ensinar. O professor não pode mais entrar na sala de
aula e deixar isso de lado”, destaca.
A neurociência
considera o aluno como aquele que assiste à aula e assimila a informação, e o
estudante como alguém que sabe estudar e tem o processo de aprendizagem mais
ativo. “Temos que ter mais estudantes em sala de aula e ajudá-los a encontrar
uma técnica de estudar. O professor precisa ser mediador deste processo”, salienta.
Andreia elencou as características dos três estilos de aprendizagem e mostrou
estratégias para que os docentes utilizem em sala de aula. “Quando ajudamos o
aluno a identificar o seu estilo, conseguimos tirar o melhor dele”, avalia.
Desenvolvimento
moral na infância e adolescência, com Lia Freitas e Fernanda Palhares
O amor é fundamental para a vida moral. Foi assim
que a psicóloga e professora da UFRGS Lia Beatriz de Lucca Freitas iniciou a
palestra para os docentes no final da manhã de terça-feira. Ela enfatizou que o desenvolvimento moral não depende só de fatores internos do
indivíduo, mas também do meio social. Ela destacou que existem três formas de
moral. A primeira delas é a anomia, ou seja, quando não há regras e a criança
não diferencia entre o que se faz e aquilo que se deve fazer. O hábito e a
regra não estão diferenciados. Já a heteronomia diz que para que uma regra
seja sentida como obrigatória é preciso que exista um sentimento de respeito
entre os indivíduos. E é neste momento que surge o respeito unilateral, que é a
relação que a criança e o jovem estabelece com adultos significativos, como os
pais e os professores. “Dali surge o primeiro sentimento de obrigatoriedade: a
obediência”, explica. Quando chega a autonomia o indivíduo já se autorregula, submetendo-se
a normas válidas para qualquer ser humano. Na escola, a criança e o jovem
começam a interagir com os seus pares, fazendo surgir o respeito mútuo.
A também psicóloga e professora da UFRGS Fernanda
Palhares destacou a importância da escala pessoal de valores para compreender
regras e normas vigentes na cultura e realizar escolhas sobre quais valores
pautarão os objetos de vida, como não roubar, não mentir ou não agredir o outro
verbalmente. Fernanda destacou que, atualmente, muitas crianças e jovens ainda
estão em anomia, ou seja, sem regras. “Pais e professores são modelos para
eles. Todos são responsáveis por educar moralmente essas crianças e esses
jovens de uma forma melhor”, ponderou. A cooperação da família e da escola é
fundamental no desenvolvimento moral. “Na escola os estudantes têm a
possibilidade de entrar em contato com outras regras que ampliem sua escala de
valores”.