Você aproveita o seu tempo com o seu filho? E como é a
rotina dele? Com muitas ou poucas atividades? Na noite de segunda-feira, 01 de
dezembro, o Auditório do Colégio recebeu dezenas de famílias no encontro geral
do Cuidar é Básico. Mediados pelo jornalista Túlio Milman, o escritor,
palestrante e especialista em Comportamento Humano Gabriel Carneiro da Costa, e
a psicóloga e neuropsicóloga infantil Graziele Jungbluth falaram sobre o tema “Conversas
do Bem: #PaisSemPressa – Estar presente é o melhor presente”. Os convidados
apresentaram o conceito de Slow Parenting (“Pais sem pressa”, em português),
que é baseado em três pilares – afeto, permissão e presença – e está
diretamente ligado a um modelo de educação com mais consciência e menos
expectativa.
Graziele contou que, atualmente, as crianças estão mais preocupadas,
ansiosas e com medo, muito em função da exigência e da expectativa dos pais. O
nível de estresse, muitas vezes, é o mesmo que o apresentado por adultos.
Gabriel lembra que a pressa dos pais começa, principalmente, quando o casal
decide engravidar. “É a pressa para ter o bebê, durante a gravidez queremos que
a criança nasça, e depois de nascer, há uma pressa muito grande para que ela
fale, ande, etc.”, afirma. Os especialistas sugerem que as crianças tenham mais
tempo livre, e não uma agenda e rotina atribulada, com diversas atividades
extracurriculares, muitas delas suprimindo a vontade dos pais, e não dos
filhos. “A criança não precisa fazer todo o tempo alguma coisa. Ela precisa ser
livre”, destaca Graziele.
A expectativa exagerada dos pais de que o filho seja sempre
bom é um dos motivos principais de as crianças estarem ansiosas. Muito mais do
que encher as crianças de atividades, os pais devem procurar ter tempo para
ouvir e conhecer o seu filho. “Pais sem pressa são pais presentes. A presença
continua sendo o melhor presente”, ponderou Gabriel.
Mandamentos do Slow Parenting:
1. Sem agenda: sabemos que as crianças possuem agendas extensas e as vezes as atividades podem estar sendo prazerosas. Mas alguns questionamentos profundos a serem realizados: é mesmo necessário toda esta agenda? Meu filho está bem (emocionalmente) com esta agenda? Ela tem a permissão de não querer mais esta agenda?
2. Mini-executivo: nós adultos sentimos o peso de agendas sobrecarregadas, imagina uma criança. Além disto, observamos que está sendo frequente as crianças serem chamadas (e posicionadas) como mini-executivos, mini-chefes, mini-modelos, entre outros... Criança é criança, e não “mini-alguma coisa”.
3. Dê ouvidos: escutar o filho é básico para uma relação de amor e confiança. Mas isto tem confundido os pais a pensarem que significa deixar os filhos fazerem o que quiserem. Dar ouvidos é gerar permissão para que as crianças sejam quem querer ser, sem abrir mão de fazer o que precisa ser feito.
4. Menos, menos: brincar não deveria estar nas agendas. Brincar é condição do desenvolvimento da criança. A falta deste espaço, somado a alta carga de cobrança e expectativa, geram ansiedade e sintomas físicos.
5. Tédio faz bem: mais uma vez, podemos utilizar a própria experiência como adultos. Todos nós gostamos de momentos de descanso, sem compromissos e expectativas. As crianças também. São nestes momentos que a mente se expande a novos e livres pensamentos, desenvolvendo a criatividade e diminuindo a ansiedade.
6. Ócio familiar: a família toda precisa entrar neste clima “slow”. Deixar a agenda livre para família faz bem à todos os membros. Poder estar livre para cozinhar, brincar, conversar, jogar. Mas como tudo, é preciso cuidar o equilíbrio desta gestão das atividades. Pais sem pressa não é ócio na educação. Excesso de ócio pode caracterizar pais ausentes e filhos indisciplinados. O ócio precisa ser cultivado como um valor, porém como um momento específico. Criança precisa de rotina e limites.
7. Novos amigos: deixar a criança se relacionar com outras crianças. O círculo social dos filhos precisa ser maior do que apenas o círculo familiar.